No mundo da construção, a escolha do material é uma das decisões mais importantes. A madeira e o betão armado são dois dos materiais mais usados, cada um com características específicas. Mas como decidir qual é o mais adequado para o nosso projeto? Analisamos os dois materiais em seis pontos essenciais:
1 – Sustentabilidade: A madeira é um recurso natural renovável, reutilizável e reciclável. A sua utilização permite a absorção de dióxido de carbono, ao contrário do betão, que requer processos industriais intensivos e a emissão de grandes quantidades de CO₂. O betão também pode ser reciclado, mas o impacto ambiental do cimento, o principal componente do betão, é difícil de ignorar.
2 – Durabilidade: O betão armado é conhecido pela sua resistência e durabilidade, especialmente em grandes estruturas como pontes e edifícios altos. A madeira, embora naturalmente durável, exige tratamentos para resistir a pragas e humidade. No entanto, quando bem cuidada, pode durar séculos, como provam algumas construções históricas.
3 – Estética e Versatilidade: A madeira proporciona um ambiente acolhedor e natural. Pode ser moldada, trabalhada e acabada de diferentes formas, o que a torna ideal para designs personalizados. O betão é mais associado a um aspeto industrial e minimalista. Embora menos flexível no design, permite formas complexas através do uso de moldes.
4 – Custo: A madeira é uma alternativa extremamente competitiva às estruturas de betão armado, especialmente quando se considera o equilíbrio entre desempenho, sustentabilidade e custo. Em projetos de pequena e média escala, ou em regiões onde a madeira é abundante, pode oferecer vantagens económicas significativas. Mesmo em projetos de maior envergadura, as técnicas de engenharia mais modernas, como a madeira laminada cruzada (CLT), permitem a construção de estruturas robustas, duráveis e altamente eficientes, que competem diretamente com o betão armado em termos de resistência e versatilidade.
Além disso, a madeira apresenta benefícios adicionais, como a leveza, que reduz custos com fundações, e a facilidade de montagem, diminuindo prazos e despesas com mão de obra. Quando se avaliam fatores como pegada ecológica, estética e conforto térmico, a madeira supera amplamente o betão, fazendo dela uma escolha que alia competitividade económica a um impacto ambiental reduzido.
5 – Tempo de Construção: O betão requer tempo para endurecer, pelo menos 29 dias, o que pode atrasar os projetos. Por outro lado, as construções em madeira, especialmente com peças pré-fabricadas, podem ser concluídas rapidamente.
6 – Resistência ao fogo: Embora possa parecer contra-intuitivo, a madeira pode oferecer uma resistência superior ao fogo em comparação com o betão armado, devido ao comportamento do aço incorporado no betão quando exposto a temperaturas elevadas. Em situações de incêndio, o aço dentro do betão aquece rapidamente e começa a perder resistência estrutural a temperaturas superiores a 500°C, comprometendo a estabilidade da estrutura. Este fenómeno, conhecido como perda de resistência térmica, pode levar ao colapso parcial ou total da edificação. A madeira, por outro lado, apresenta um comportamento previsível em caso de fogo. Quando exposta a altas temperaturas, forma uma camada de carvão na sua superfície, que funciona como um isolante natural, protegendo o núcleo estrutural e retardando a combustão. Dependendo do tipo e das dimensões da madeira utilizada, este processo oferece um tempo adicional para a evacuação em segurança e preserva a integridade estrutural por um período mais longo. Com os avanços tecnológicos em engenharia, como a madeira laminada cruzada (CLT), é possível projetar estruturas de madeira com excelente desempenho em situações de incêndio, tornando-a uma escolha não só sustentável, mas também segura. Assim, ao contrário do que se possa pensar, a madeira, quando bem projetada e tratada, pode ser uma opção estrutural segura e eficaz no que respeita à resistência ao fogo.
